quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

O Debate: Pontos Corridos X Mata-Matas

Uma das maiores transformações no futebol brasileiro nos últimos anos, senão a maior transformação, foi a adoção do sistema de pontos corridos no Campeonato Brasileiro em 2003, sistema que faz com que todas as equipes que disputam a competição se enfrentem duas vezes ao longo desta, sendo a classificação final definida pelo somatório dos pontos acumulados. Este sistema veio substituir o até então sempre presente mata-mata, onde um certo número de equipes se classificava para uma segunda fase.

Voltando um pouco no tempo, entramos na década de 2000, onde o debate sobre a adoção dos pontos corridos já era algo que ocorria dentro da CBF, em especial motivado pela imprensa, que ao olhar para fora, ou seja, Europa (em especial) e outros países sulamericanos, via organização e eficiência nestes certames. De fato, na totalidade das ligas europeias, este é o sistema que vigora a muitas e muitas décadas. Começou a se pensar que a mudança para esta fórmula de disputa seria essencial para a organização do futebol brasileiro. Deste modo, sob muitos chiados de um lado e esperança de outro, em 2003 o Campeonato Brasileiro seria disputado por 24 equipes em muito longas 46 rodadas, ao fim das quais Fortaleza e Bahia foram rebaixados e o Cruzeiro sagrou-se campeão, com este momento na foto abaixo:



O campeonato de 2004 repetiria a fórmula, já que boa parte da imprensa e público a havia consagrado. Outra boa parte a odiava, falando que o futebol brasileiro necessita das finais e tinha estas como uma grande tradição. Pois então... chegamos a 2009 e vimos que os pontos corridos vieram pra ficar, com o mais razoável número de 20 equipes desde 2006, tendo a Série B a mesma exata configuração desde o citado ano.

Muito ainda se discute, e aqui no Jogando na Retranca serão expostos alguns argumentos e críticas dos dois lados:

Os que são contrários ao modelo de pontos corridos usam como o principal pilar de sua argumentação o fato de não haver finais, não haver a dramaticidade de passar por fases eliminatórias tais como semi-finais, não haver disputas de pênaltis e, principalmente, não haver a grande expectativa em torno de um único jogo que consagraria o campeão nacional. Além disso, argumentam que o campeonato de pontos corridos pode ocasionar uma elitização, tornar um pequeno grupo de times os habituais concorrentes ao título. Isto mexeria com o inesperado, elemento talvez presente no futebol mais do que em qualquer outra modalidade esportiva. Temos como exemplos o Flamengo em 1992 e o Santos dez anos mais tarde, times que foram para a segunda-fase como os últimos colocados entre os classificados e acabaram sagrando-se campeões. Dentro ainda desta ideia de elitização, há a defesa de que há uma tendência a regionalização da equipe campeã, sendo que, a excessão da edição de 2003, em todas as outras um clube paulista foi campeão (nas últimas três, o São Paulo).

Outro ponto também lembrado é a tradição brasileira em promover finais. Praticamente todos os torneios estaduais e nacionais até 2003 haviam sido decididos em finais, então seria uma violência contra um costume do futebol brasileiro seu principal campeonato não possuir uma final. Por fim, existe a argumentação de que fases finais geram maiores receitas com arrecadações.

Do outro lado, muitos vêem a adoção dos pontos corridos como uma forma de modernização do futebol brasileiro. Um dos carros chefes a defender-los foi a televisão. Lembrando que, mais do que nunca, a TV é um elemento da maior influência em nossos torneios, já que dela provém boa parte do orçamento dos clubes. E qual a razão de, para a TV, os pontos corridos serem mais vantajosos? Ora, muito fácil: Se existe uma calendarização definida, os que montam as grades de programação e tabela já sabem exatamente onde devem encaixar cada jogo em cada dia, cidade e horário, de acordo com sua conveniência. E por mais que esta pareça ser uma relação de submissão dos clubes para com a TV, estes dependem dos altos valores pagos pelas transmissões para tentarem manter seus gastos minimamente em dia (e na maior parte das vezes, mesmo assim não conseguem).

De um certo modo, o próprio consumidor de pacotes de TV por assinatura também é beneficiado, já que sabe por quantos jogos pagou para ver seu time jogar, sem a incerteza de ver-lo precocemente fora do campeonato. Do mesmo modo, os clubes se beneficiam, já que fazem um planejamento para um torneio no qual já sabem a data em que irão parar de disputar-lo. Isto iria também contra as incertezas das fórmulas de disputa, que variavam a cada ano.

Há também o argumento do mérito: premiar a melhor equipe, a mais regular, a que mais pontuou, tornando por todos os ângulos possíveis justo e merecido o título para um certo clube, pelo menos em tese. Por fim, também a ideia de que já existem torneios típicos de fases de grupos e mata-matas para o futebol brasileiro, sendo os estaduais e a Copa do Brasil, além da Copa Libertadores e da Copa Sulamericana, para os classificados através da Série A.

Apresentadas as argumentações, há a impressão de que o modelo dos pontos corridos acaba sendo mais vantajoso para o futebol brasileiro. De fato, pôde-se notar uma maior organização da competição nacional, com os clubes se planejando de forma melhor e as receitas com direitos de transmissão aumentando de forma bastante significativa. Também há a fixação de uma fórmula de disputa, de um calendário, etc. Além disso, os clubes jogam mais vezes em seus domínios e, dependendo de como for, podem conseguir arrecadações excelentes, como o Flamengo em 2007 e 2008.

E, quanto a sede por finais, semi-finais e etc, aí temos a Copa do Brasil e os estaduais para nos saciarmos.

Por hoje, é só isso.
Até mais!

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Aconteceu em...

Conselheiro Galvão.

Bem, uma das inúmeras idéias do Jogando na Retranca é trazer também alguns causos do futebol. Histórias curiosas, pitorescas, inusitadas, etc. Como quem aqui escreve por inúmeras vezes assistiu a jogos no aconchegante estádio Aniceto Moscoso, mais conhecido como Conselheiro Galvão, em função da rua no qual se localiza no bairro de Madureira, estádio de propriedade do clube homônimo, algumas ocorrências virão deste antigo e charmoso estádio, além de ser uma forma de homenagear a este e homenagear também o próprio Madureira Esporte Clube.

Pois bem... corria o ano de 1998. A equipe do Madureira fazia boa campanha no Campeonato Estadual, tendo se classificado na seletiva e, naquele momento, se posicionando na terceira colocação na tabela do returno (Taça Rio). Porém, naquela nublada tarde de quarta-feira, bem atípica, afinal, o bairro de Madureira é conhecido como um dos mais quentes do Rio de Janeiro, o visitante era nada mais nada menos do que o Vasco da Gama, que havia acabado de vencer o Campeonato Brasileiro do ano anterior e viria ainda ganhar a Libertadores, figurando em seu elenco nomes como Donizete, Luizão, Mauro Galvão, Carlos Germano, Juninho Pernambucano, entre outros. Em suma, um timaço, que brigava pela liderança daquele turno com o eterno rival Flamengo.

Normalmente, o Madureira, mesmo diante dos mais perigosos adversários, oferece enorme resistência em seus domínios, porém, naquele dia, o Vasco sobrava. Mas o que chamava atenção era que, a partir do momento em que o Vasco abriu o marcador, em meados do primeiro tempo, um torcedor nas socias do tricolor suburbano, postado exatamente atrás do banco de reservas do mesmo, começou a pedir um jogador chamado Paraíba.


"Oh, Omã! Coloca o Paraíba! O Zezinho tá correndo nada!"

Só ilustrando que Omã Fonseca era o então treinador do Madureira e Paraíba era a alcunha de um atacante reserva que não merece, por parte do autor deste texto, grande prestígio quanto a suas habilidades futebolísticas (e dá-lhe eufemismo). Mas, enquanto isso, nosso exaltado torcedor esbravejava cada vez mais e aqui reproduzo fielmente suas palavras:


"Porra, Omã! Tá cego, seu viado? Esse garoto, o Paraíba é bom de bola! Só tu que não vê! Tu quer é fuder nosso Madureira!"


Veio o intervalo e, tanto na saída quanto na volta do time, estava lá nosso intrépido defensor do Paraíba, causando já olhares curiosos nas sociais e até mesmo na comissão técnica. E continuou sua insistência no jogador cujo apelido é baseado no ilustre Estado nordestino.

E os gols vascaínos iam se multiplicando... dois... três... Até que, aos 15 minutos do segundo tempo, quem entra em trabalho de aquecimento? Ele, Paraíba! Nosso amigo vai a loucura de tanta saitisfação, elogia o treinador Omã Fonseca, incentiva o rapaz junto a grade e faz festa. Hora da substituição: Sai Zezinho, sob fortes protestos do exaltado tricolor suburbano e entra seu defendido.

Bola rolando, com uns dez a quinze segundos em campo, Paraíba divide forte demais com Juninho e... cartão amarelo! Nosso torcedor esbraveja!


"Isso que é disposição! O Zezinho tava só andando! O garoto já chegou mostrando vontade! Gostei de ver! É assim!"

Falta batida para o lado, inversão de jogo, Vasco administrando a vantagem de três gols... Inverte jogo novamente, bola nos pés de Juninho e... como um cometa, lá vem Paraíba em um carrinho impensado e desproporcional investido contra o meia vascaíno, carrinho no qual a bola estava já a uma distância de mais de um metro da jogada. O juizão não pensou duas vezes e, acertadamente, mostrou o segundo amarelo e, por consequência, o cartão vermelho ao faltoso.

Incrédulo, nosso torcedor desanima e senta em um dos caprichosos banquinhos das sociais, típicos banquinhos de praça que figuram naquele setor no estádio Aniceto Moscoso. Os jornais do dia seguinte mostraram a exatidão do intervalo de tempo no qual Paraíba entrou em campo, tomou um cartão amarelo e conseguiu um vermelho na sequência: 1 minuto e 4 segundos. Por falar em quatro... após o quarto gol cruzmaltino, o desolado tricolor suburbano abandonou o estádio.

Claro que um ou outro torcedor protestou com palavras como "Tá aí o seu Paraíba!!!", mas a situação soava como tragicômica para quase todos os presentes nas sociais. Poucos conheciam o atacante e creio que o próprio ficou espantado com tamanha veneração, já que ele claramente demonstrava não conhecer seu fã.

Apesar de ali estar torcendo para o tricolor suburbano, não pude deixar de rir com a situação. E por mais estranho que pareça, sim, eu já conhecia o futebol (ou melhor, a ausência deste) de um dos ilustres protagonistas deste causo e da expulsão mais rápida que já presenciei.

Por enquanto é só! Voltaremos com mais histórias inusitadas!
Até mais!

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Desvendando o futebol da Rússia

Entender as características do futebol de outros países, e principalmente dos que não são amplamente divulgados na mídia, não é uma tarefa fácil. Muitas vezes nosso modo de encarar o futebol, com a ressalva de como vemos também o futebol das três maiores ligas europeias (Itália, Espanha e Inglaterra), nos causa estranhamento quando vamos ver a estrutura do esporte e como ele é encarado em outros cantos.

No caso dos países que passaram pela experiência Socialista, em especial os do Leste Europeu, a configuração dos clubes e federações é algo bem peculiar. Para não nos estendermos demais, a ideia é ver como se organiza o futebol russo atualmente e mostrar como ele se transformou após o fim da União Soviética.

Para início de papo, tem que se entender que o futebol nos países Socialistas, em praticamente todos os casos, não era oficialmente profissional. Os clubes em geral eram representantes de órgãos governamentais, tais como exército ou polícia, e seus jogadores eram, diretamente, empregados destes órgãos. Nos grandes clubes soviéticos, a tônica era o atleta receber uma nomeação, digamos, fictícia na repartição e exercer somente suas atividades relacionadas ao jogo. Deste modo, recebia seu salário e continuava a ser um jogador amador, em tese.

Assim temos a configuração de alguns dos principais clubes:
* CSKA Moscou - time do Exército
* Dinamo Moscou - time da KGB (polícia secreta)
* Lokomotiv Moscou - time dos trabalhadores da rede ferroviária
* Spartak Moscou (na foto acima) - ligado ao setor industrial em geral
* Torpedo Moscou - ligado ao setor da indústria armamentista
* Dinamo Kiev - time da polícia secreta em Kiev

Apesar dos exemplos dados pertencerem quase todos a Moscou, a mesma tendência se seguia por toda a URSS, com os clubes menores das mais diversas regiões representando organismos locais. Deste modo, não era de se espantar que, dependendo da conveniência para o poder soviético, algum clube recebesse favorecimentos em certas ocasiões.

Os grandes campeões do período soviético foram Dinamo Kiev (13 títulos), Spartak Moscou (12) e Dinamo Moscou (11), apesar de entre 1936, ano da criação da Liga da URSS, e 1961, somente clubes russos tenham vencido-a.

Porém, em fins 1991, a URSS se dissolvia e novas tendências se apresentavam para os clubes russos, sendo estes separados dos órgãos que os regiam (e sustentavam) e tendo de caminhar com suas próprias pernas rumo a adaptação para o profissionalismo legal. O Dinamo Moscou, por exemplo, ligado a neste momento extinta KGB, ficou sem este suporte e definhou, não mostrando mais a força de outrora e sequer ameaçando conquistas do Campeonato Nacional, assim como aconteceu com o CSKA e tantos outros.

Neste furacão, alguém tinha de sair ganhando, e este foi o Spartak Moscou, que literalmente exagerou na dose, ganhando todos os campeonatos entre 1992 e 2001, a exceção de 1995, vencido pelo Alania Vladkavkaz. Outro clube que ganhou mais destaque também foi o Lokomotiv (na foto acima), que não havia feito grande barulho durante o período soviético, mas que colecionou a partir de 1992 boas participações, vices-campeonatos, até chegar ao título em 2002 e 2004.

Mas se Dinamo e CSKA enfraqueceram, por que Spartak e Lokomotiv ascenderam? Simples: os setores de indústria e ferroviário não eram tão dependentes do governo soviético quanto o exército e a KGB. Quando a URSS acabou e os clubes se viram desligados da administração pública, os que tinham mais capacidade de organização e equilibraram melhor suas contas, conseguiram se destacar. E esta foi a tônica dos anos 1990: O Spartak, mais organizado e estruturado, logo, com mais dinheiro e mais forte que os rivais, levando quase todas as conquistas. E o processo de profissionalização do futebol russo foi duro com o Dinamo, que até hoje (Janeiro de 2009), não conseguiu mais nenhuma conquista.

Porém, caso diferente foi o do CSKA. Após a queda da URSS e a consequente queda do clube, este demorou demais para se reorganizar, mas o fez de um modo que o seu rival Dinamo ainda não teve a sorte de ter experimentado: Investimentos privados violentos, tão comuns hoje no futebol em qualquer parte do mundo, em especial do magnata Roman Abramovich e de empresas de petróleo, gás e banco ligadas a ele. Mediante tal política, o CSKA sagrou-se campeão russo em 2005 e 2006, além de vencer a Copa da UEFA de 2005, garantindo o primeiro título continental de um clube, e sempre estando na briga pelo título nacional. O mesmo viria ocorrer com o Zenit, de São Petesburgo, que passou a ser patrocinado pela gigante do gás na Rússia Gazprom, que também investe em outros clubes menores como o Soyuz e Volga. Com dinheiro sobrando, o Zenit se reforçou e conquistou em 2006 o Campeonato Russo e em 2008 a Copa da UEFA. Abaixo fotos dos citados títulos continentais de CSKA e Zenit:















Depois de passar mais de uma década de recesso, provocado pelo fim da URSS e pelas sucessivas crises financeiras, em pouco antes de meados da década de 2000 o futebol russo conseguiu se encontrar e, a base de pesados investimentos nos clubes já desligados a muitos anos de qualquer órgão governamental, vem crescendo e conquistando espaço nas competições europeias, em especial na Copa da UEFA. Sua liga vem ganhando importância e já está na cola de outras mais famosas e tradicionais, como a alemã, a holandesa e a portuguesa.

Por enquanto, é só isso.
Até mais!

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Balanço 2008 - Futebol do RJ (parte V)

Depois de vermos como foi o trágico 2008 do Vasco da Gama, chegou a hora de tratarmos das outras equipes de menor prestígio no Estado do Rio de Janeiro.

Sem sombra de dúvidas, longe do universo dos considerados quatro grandes, o grande destaque foi o Duque de Caxias. E tudo parecia conspirar a favor da equipe da Baixada Fluminense, que estreava na Primeira Divisão Carioca em 2008 após conseguir a quinta e última vaga de acesso na Segunda Divisão de 2007.

O Duque acabou por fazer um campeonato discreto, terminando no meio da tabela e não conseguindo a vaga para a Série C, porém com as desistências de Cabofriense, Friburguense e Resende, tal vaga acabou indo para o clube (lembrando que, em função da criação da Série D, somente os 16 primeiros colocados da Série C permaneceriam nesta).

Cotado para ser somente mais um figurante na Série C, como todos os cariocas têm sido nos últimos anos, o Duque de Caxias surpreendeu, passando fase-a-fase com relativo sufoco até chegar ao octogonal final. E apesar de uma vitória na primeira rodada, os resultados seguintes foram ruins, com destaque para o empate com o Rio Branco-AC, marcado por o que entendeu ser um cai-cai ordenado pelo treinador ducacaxiense mediante as expulsão que sua equipe teve, como forma de segurar o empate em 2 x 2. Julgado, o Duque recebeu fortes punições, com suspensões de atletas e treinador, porém mediante recursos, algumas rodadas depois a pena foi diminuida.

Nesse meio tempo, a equipe conseguiu se recuperar e figurar entre o grupo de classificados para a Série B, terminando a competição na 4º posição e conseguindo a tão sonhada vaga na divisão superior, mas não sem mais um sufoco na última rodada, onde foi derrotado pelo Confiança e classificou-se graças a vitória do Guarani-SP sobre o Águia-PA. Agora resta ver se em2009 o Duque conseguirá, com mais recursos, fazer uma boa campanha no Estadual e, pelo menos, manter-se na Série B.

Ao contrário do Duque de Caxias, os outros participantes cariocas, sendo estes Volta Redonda, Madureira e Boavista, fizeram a habitual figuração na Série C, sendo o Voltaço o único a passar para a segunda fase da competição, onde foi eliminado. No estadual, pouco chamaram a atenção, devido também ao cruel regulamento que favorecia claramente aos quatro considerados grandes, já que estes só jogavam em seus respectivos estádios. O Madureira ainda chegou a vencer Botafogo e Vasco e empatar com o Flamengo.

Outras equipes fizeram estaduais discretos, como Friburguense e Americano (este que vem se mosytrando cada vez mais fraco ano-a-ano. Sentindo falta de Eduardo Vianna?). Já outras duas equipes, estreantes, entraram com o claro intuito de não cair e o conseguiram sem maiores sustos: Resende e Macaé. Outra não, sendo este o lanterna Cardoso Moreira, da pequena cidade homônima do interior do Rio de Janeiro. Já o mesquita, depois de longa ausência, conseguiu se manter mediante enorme sufoco.

Então... o texto começou falando de um clube novo que vem ascendendo ascenção. Infelizmente, os últimos parágrafos se dedicarão ao lado o oposto da moeda. A um outrora grande clube do Rio de Janeiro, campeão estadual 7 vezes e com várias participações na Primeira Divisão Nacional (terminando inclusive em 4º lugar em uma das oportunidades), que agora conhecerá a Segunda Divisão Esatdual. Falamos do saudoso América-RJ. Do Ameriquinha que vem se transformando, não do grande América que sua bela história e fiel torcida construiram.


Em 2008 o América-RJ montou uma fraca equipe e errou demais ao formar a comissão técnica. Talvez tenha faltado dinheiro, mas certamente não faltou mais do que na maior parte das outras equipes. O começo de campeonato do América foi trágico, com seis derrotas em seis partidas disputadas, demorando demais para conseguir seus primeiros pontos, de modo que chegou na última rodada, em partida contra o Friburguense fora de casa, precisando vencer e torcer contra Cardoso Moreira e Mesquita, equipe com a qual o América havia empatado em casa na rodada anterior. O América fez sua parte, vencendo por 2 x 0 o tricoloro serrano, porém o Mesquita venceu e terminou na décima-quarta posição, ficando o América no 15º lugar, ou seja, rebaixado junto com o Cardoso Moreira, que terminou em 16º.

Mais interessante foi a síntese que a Segunda Divisão Estadual trouxe entre os seus dois vencedores, revelando um conflito muito siginificativo do futebol brasileiro atual: o entre equipes tradicionais e novos times, criados e mantidos por empresários e prefeituras. Bangu e Tigres do Brasil, os dois promovidos, retratam bem tal dicotomia. Enquanto isso, a Terceira Divisão segui a mesma tendência, ascendendo Campo Grande e Brescia.

Em suma, o ano de 2008, a exceção do desastre ocorrido com o América-RJ, foi bom para as equipes menores do RJ. Depois de longo tempo, uma delas jogará a Série B, além de termos um Estadual ampliado de 12 para 16 times, o que dá maiores chances de visibilidade para equipes menos conhecidas.
E se o grande da Tijuca América caiu, em compensação, o grande da Zona Oeste Bangu voltou.

Assim, fica encerrada a sequência sobre o futebol carioca em 2008.
Até mais!!!

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Balanço 2008 - Futebol do RJ (Parte IV)

Antes de mais nada, esclarecendo que a foto selecionada para ilustrar o 2008 do Vasco da Gama tem por objetivo homenagear o grande nome do Vasco: a sua torcida, que esteve incondicionalmente com o clube, independetemente de momento ou resultados.


Vasco - Bem, 2008 não trará boas lembranças para os vascaínos. Para este ano algumas contratações foram feitas, porém nenhuma que merecesse maior atenção. O grande "destaque" ficava por conta do goleiro-artilheiro Tiago, vindo da Portuguesa-SP.

Iniciemos com o Campeonato Carioca, onde o Vasco teve fraco desempenho, comandando por Romário e, depois, por Alfredo Sampaio. Desde a estréia, perdendo por 2 x 1 para o Madureira em São Januário, já dava pra ver que os bons ventos não batiam na colina. Houve algumas vitórias um pouco mais expressivas sobre fraquíssimas equipes como Mesquita e Cardoso Moreira, mas o fato exdrúxulo de as consideradas quatro grandes equipes somente jogarem em seus domínios acabaou ajudando (também) o Vasco a figurar nas duas semi-finais de turno.

Na semi-final da Taça Guanabara o Vasco encarou o Flamengo, promovendo a reestréia (mais uma) de Edmundo com a camisa cruzmaltina, sendo o Animal mais ovacionado e cantado pela torcida do que o próprio clube. Exceto pelo bom desempenho de Morais e Pablo, e do razoável partida de Edmundo, o resto do time se portou foi inferior e a vitória por 2 x 1 dos rubro-negros foi justa. E vale lembrar que o Animal cobrou pessimamente uma penalidade máxima no início da segunda etapa, perdendo-a e fazendo o Flamengo crescer no jogo novamente.

Para a Taça Rio a história se repetiu. Vitórias contra os pequenos e classificação para a semi-final, onde foi derrotado pelo Fluminense, nos pênaltis, em disputadíssima partida, cabendo a infelicidade de perder a cobrança derradeira o talentoso garoto Pablo, que poucos meses depois iria se transferir para o futebol espanhol. O Vasco estava fora do Campeonato Carioca.

Mas, se no Carioca o Vasco não passou de coadjuvante, na Copa do Brasil o time fez bela campanha, sendo derrotado somente pelo Sport-PE, nos pênaltis, após igualar o placar de 2 x 0 da primeira partida em Pernambuco. A cobrança perdida coube ao ídolo Edmundo, mandando a bola nas piscinas de São Januário.

Iniciava-se o Campeonato Brasileiro e as expectativas não eram boas. Tanto torcida como imprensa concordavam que o clube estaria longe de brigas por título ou vaga na Copa Libertadores. Alguns mais pessimistas tinham medo de uma possível ameaça de rebaixamento no fim do campeonato. De fato, o elenco era fraco, e ainda houve a troca no comando. Saiu Alfredo Sampaio e veio (mais uma vez) Antônio Lopes, que comandou o clube em um das suas fases mais gloriosas, mas que hoje parece estar ulrapassado. Apesar disso, o Vasco, nas primeiras rodadas, andou pelo meio da tabela, porém a queda foi vertiginosa já após a décima rodada e os pessimistas mosravam que seus medos tinham razão de existir.

Mas um outro fator de enorme importância ocorria no clube. Depois de longa briga judicial, com provas de fraudes na última eleição presidencial, a jusiça ordenou o remarcamento de uma nova e, finalmente, nesta a oposição, liderada pelo ídolo Roberto Dinamite, venceu. O Vasco saía de um calvário administrativo, de uma ditadura onde a imagem do ex-vice presidente e presidente até o momento da eleição, Eurico Miranda, se confundia com o próprio clube, afastando possibilidades de patrocínio e investimentos em geral. A maior parte dos vascaínos concorda que ese foi o único bom acontecimento para o grande clube da colina em 2008.

E como era esperado, Roberto herdou um grande abacaxi administrativo. Um clube com enormes dívidas e contas para pagar, poucas fontes de receita e um time de futebol que beirava o ridículo, se comparado com a bela história cruzmaltina. Neste tempo, as derrotas se acumulavam e pouco podia ser feito. Depois de algumas rodadas, Antônio Lopes foi demitido, enrando em seu lugar Tita, que pela primeira vez comandaria efetivamente um grande clube e também indicou algumas contratações, que vieram juntamente com a de dois veteranos outrora bons jogadores: Pedrinho e Odvan.

O desempenho do time e de Tita foi pífio. O treinador foi demitido e para seu lugar veio Renato Gaúcho, recém-saído do rival Fluminense após perder a Copa Libertadores. Renato tinha uma missão espinhosa pela frente e não havia tempo para brincar. O time estava na zona de rebaixamento e o fim do campeonato se aproximava.

Após algumas partidas, com atuações irregulares, indo de boas a sofríveis, o Vasco via seu destino sendo traçado rumo a Série B. Importantes partidas em São Januário, como contra o Figueirense e Atlético-PR, rivais diretos na briga contra o rebaixamento, resultaram em pontos perdidos. Aliás, o desempenho muito abaixo da média do Vasco dentro de São Januário, onde o Vasco normalmente se impõe e consegue boas vitórias, foi fatal para o resultado final na tabela de classificação. Outras partidas fora de casa, como o empate contra o Sport e as vitória contra Goiás (com um show particular do Animal) e Coritiba, traziam esperança, alento aos vascaínos, porém o clube chegou na última rodada tendo de jogar em São Januário, contra o Vitória-BA, que não tinha mais ambições no campeonato, precisando da vitória e por dois resultados negativos de seus três concorrentes (Náutico, Atlético-PR, que enfrentou o Flamengo, e Figueirense). Logo em seu estádio, palco de já ditas históricas vitórias, como as sobre River Plate e Barcelona-EQU que garantiram a Libertadores de 1998 para o Vasco da Gama, mas que 10 anos depois vinha sendo o cenário de derrotas seguidas.

A tensa partida complicou-se ainda mais quando o time baiano abriu o marcador, em fins do primeiro tempo. Em meados do segundo, apesar da desordenada e aguerrida pressão vascaína, o Vitória conseguiu mais um gol, fruto de um contra-ataque, e poderia ter conseguido outros mais.
Além do mais, nenhum dos resultados dos adversários era favorável, já que Atlético-PR e Figueirense venciam, além do Náutico que empatava, o que já era suficiente para colocar- os pernambucanos a frente do Vasco. Derrota. Inédito rebaixamento. Tristeza, porém apoio. Isso mesmo. Numa bela demonstração de paixão, a maioria esmagadora da torcida cantava a plenos pulmões o hino (confesso ter me emocionado e admirado fortemente isso), e demonstrava apoio e confiança na nova diretoria.

Algo importante a se dizer é que em nenhum momento durante o campeonato o elenco demonstrou falta de compromisso, falta de garra... muito pelo contrário! Em geral, os jogadores se esforçaram ao máximo, mas a baixa qualidade do elenco e o deficiente comando técnico empurraram o clube para baixo na tabela de classificação.
Ah, e sobre a torcida... poucas vezes vi demonstrações tão grandes de amor e apoio, pois em quase (senão em) todos os jogos do segundo turno esta fez-se presente, praticamente lotando São Januário e cantando para o clube, sem ações violentas, ameaças, etc. Aliás, as ameaças ficaram por conta do ex-presidente Eurico Miranda, prometendo acabar com Roberto Dinamite se o Vasco fosse rebaixado. Enfim...

E 2009 pode ser o ano da redenção vascaína. Sob uma nova diretoria, que agora terá tempo para ajeitar o clube e com o certeiro apoio da torcida, o Vasco tem tudo para fazer uma ótima Série B e voltar a figurar no seu lugar de direito no futebol.


Pontos Positivos:
* A troca de comando no clube após longos anos.
* O apoio incondicional da torcida.
* Ótimo desempenho do meia Madson e do goleiro Rafael, além do jovem volante Mateus.
* Vitória na batalha judicial como Fluminense por Leandro Amaral, que teve desempenho geral de fraco a razoável.

Pontos Negativos:
* Rebaixamento...
* A defesa, que se mostrou fraquíssima e insegura durante todo o ano.
* Não acertar o comando técnico. Nenhum dos cinco treinadores (se contarmos Romário) conseguiu desenvolver algo.
* Brigas políticas, com ameaças por parte do antigo presidente.
* A aposta com pouco sucesso nos veteranos Edmundo, Beto, Odvan e Pedrinho.


Esse foi o Vasco em 2008. Para encerrar a série, a próxima postagem dedicará atenção às demais equipes do RJ em 2008. Até Mais!

sábado, 10 de janeiro de 2009

Balanço 2008 - Futebol do RJ (Parte III)

Depois do Botafogo, dessa vez é hora de ver o 2008 do tricolor das Laranjeiras marcado pelos altos e baixos.



Fluminense - O ano de 2008 se mostrava promissor para o Fluminense. O clube, que havia vencido a Copa do Brasil em 2007, havia se habilitado para a disputa da Taça Libertadores da América, competição da qual estava distante a 25 anos. E com este incentivo, além de manter no elenco bons jogadores do ano anterior, como o meia Thiago Neves e o excelente zagueiro Thiago Silva, fez algumas ótimas contratações, como Conca, Leandro Amaral e o centroavante Washington. o Comandante era o mesmo do ano anterior: Renato Gaúcho.

Se no Campeonato Carioca o time não empolgou, não vencendo nenhum turno, registrando somente alguns poucos bons momentos, como a vitória por 6 X 0 sobre o América-RJ, na Libertadores, competição prioritária, o time ia de vento em popa, vencendo quatro partidas das seis da primeira fase e terminando esta como o time de melhor campanha do torneio, o que o credenciava a jogar sempre as segundas partidas dos mata-matas em casa, caso fosse a final.

E vendo seu antes pouco confiante goleiro Fernando Henrique fazer excelentes partidas e seus compatriotas caindo pelo caminho, o tricolor foi avançando. Primeiro eliminando o Atlético Nacional-COL, depois o São Paulo em jogo no qual conseguiu o terceiro gol, necessário a classificação, aos 48 minutos do segundo tempo. Nas semi-finais, o temido argentino Boca Júniors de Riquelme, Palermo e Palacio (lembrando que o Boca não pôde usar seu estádio La Bombonera), Pronto, estava o Fluminense na inédita final da Libertadores (na sua única participação até então, em 1985, o clube não havia passado da primeira fase) e entrava como favorito, enfrentando a equatoriana Liga Deportiva Universitaria (LDU), equipe justamente contra a qual o Fluminense havia estreado e empatado em 0 x 0 em Quito.

Enquanto isso, o Fluminense assistiu seu praticamente auto-ignorado fim no Campeonato Carioca com uma derrota por 1 x 0 para o Botafogo na final da Taça Rio e, depois, a dez igualmente desprezadas rodadas do Campeonato Brasileiro, nas quais o clube atuou em praticamente todas com o time reserva, amargando a lanterna da competição. Porém isto não soava como problema para o falastrão treinador Renato Gaúcho, que afirmava que iria vencer a Libertadores e depoois somente brincar no Brasileiro. Outro fato importante a lembrar é o retorno do atacante Leandro Amaral ao Vasco, já que a Justiça do Trabalho considerou sua transferência irregular.

Chegou o tão esperado primeiro jogo da final da Libertadores, em Quito. Porém, a LDU não tomou conhecimento do tricolor, aplicando um resulado de 4 x 2 e, por azar, não conseguiu um placar mais elástico. Para a partida no RJ, o treinador afiou ainda mais a língua, dizendo que o time faria os gols necessários e que dava como certo o título.

Em uma partida muito tensa, na qual a LDU inaugurou o marcador, brilhou durante os 90 minutos a estrela do meia Thiago Neves, que fez excelente partida e marcou três gols, igualando a diferença do resultado de Quito. Na prorrogação, nada de muito destaque, exceto uma arrancada de mais de 50 metros de Guerrón nos acréscimos que poderia significar o gol do título equatoriano, porém o zagueiro e capitão Luís Alberto "trocou" o gol pela sua expulsão fazendo falta como último homem.

Nos pênaltis, o grande nome foi o veterano goleiro Cevallos, defendendo as cobranças de Conca, Washington e de Thiago Neves. Deste modo, a LDU conquistava o primeiro título internacional da história do futebol equatoriano e o Fluminense e sua torcida choravam, tendo que agora voltar suas aenções para o Campeonato Brasileiro, onde o clube estava em uma nada cômoda lanterna isolada.

Porém dois fatores prejudicaram uma recuperação (e a brincadeira do treinador): Um foi o desmanche do elenco com a janela de transferências européias causando algumas baixas de importantes peças. Outro foi a "ressaca" pela perda da competição sulamericana. O Fluminense demoraria muito para tirar a diferença para seus concorrentes da zona da degola, sair desta e conseguir se reorganizar. Na verdade, o clube conviveu com a ameaça de rebaixamento até as últimas rodadas. Neste meio tempo, o brincalhão Renato Gaúcho foi demitido e, para seu lugar, contratado Cuca, que vinha de péssimo trabalho no Santos. E seu trabalho nas Laranjeiras foi tão ruim quanto o no Peixe, sendo substituído por Renê Simões. E pode-se dizer que a diretoria acertou bem a mão, pois o treinador conseguiu desenvolver um bom trabalho, obteve importantes vitórias e trouxe a tranquilidade para que o clube chegasse a última rodada sem qualquer ameaça de queda para a Série B, ainda assegurando uma vaga na Copa Sulamericana de 2009 mediante um empate com o já rebaixado Ipatinga na derradeira partida da Série A 2008 para o tricolor.

Enfim, 2008 teve tudo para ser o grande ano da história do Fluminense, que quase conseguiu o que seria a mais importante conquista da sua história, mas toda a atenção que dedicou a esta o fez perder qualquer foco nas outras competições, chegando a correr sérios riscos de rebaixamento, conseguido com seu brincalhão ex-treinador, que, após sair do Fluminense, foi para o Vasco da Gama. Mas sobre o clube da colina, conversaremos no próximo capítulo.


Pontos Positivos:
* A belíssima campanha na Libertadores, onde o tricolor se mostrou forte e superou as expectativas de todos.
* Contratações bem feitas no começo do ano, como Washington e Conca.
* Fortalecimento da marca Fluminense no exterior, com o desempenho na Libertadores.
* A afirmação de Thiago Silva como um dos melhores jogadores atuando na América em 2008.

Pontos Negativos:
* O desleixo com que encarou as outras competições que não a Libertadores, passando longe de qualquer título em 2008.
* A perda de importantes jogadores no meio do ano, como Thiago Neves e Cícero.
* A demora para o time se acertar na Série A.
* Todo o discurso arrogante, nada realista e nada eficiente do treinador Renato Gaúcho.
* A perda de importantes jogadores ao fim do ano, como Washington e Thiago Silva.
* A perda da batalha judicial com o Vasco por Leandro Amaral, com o jogador tendo que se reapresentar ao seu time anterior.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Balanço 2008 - Futebol do RJ (parte II)

Após a primeira parte do balanço dos clubes do RJ em2008 tratar do rubro-negro, agora vamos com o alvi-negro da estrela solitária.


Botafogo - E ninguem levava grande fé no clube da General Severiano. Muitos jogadores abandonaram o barco em 2007 e, os poucos que chegavam, não contavam com o prestígio do público, como Wellington Paulista. Mas havia o que os torcedores e a diretoria, em geral, consideravam um trunfo: a permanência do técnico Cuca.

Mas, contando com a ajuda do regulamento (juntamente com os outros grandes, que só jogariam em seus estádios), o Botafogo surpreendia. Uma boa campanha no campeonato estadual se desenhava. O time chegou a final da Taça Guanabara, perdendo para o Flamengo, que contava com um elenco superior, em um jogo muito polêmico. Aliás, jogo tão polêmico que um episódio após este viria trazer uma marca incômoda ao clube: a fama de chorão. Finda a partida, em uma cena ridícula, patética, diretoria, comissão técnica e jogadores, em um circo armado pelos próprios, foram chorar os supostos erros de arbitragem na entrevista coletiva. Tal acontecimento ficou conhecido como "chororô" e acompanhou (e incomodou) o Botafogo durante todo 2008 e, provavelmente, irá acompanhar por longo tempo, recebendo a (justa) fama de time chorão.

Passado isso, o elenco conseguiu se recuperar ao longo da Taça Rio, vencendo-a e se credenciando para a final, onde, desta vez o time rubro-negro não deu chances ao rival e venceu por 4 x 1 na soma dos resultados. Neste momento, Cuca pede demissão mediante a total falta de clima para prolongar sua estadia no clube.

Na Copa do Brasil, o Botafogo veio fazendo boa campanha, porém foi eliminado nas semi-finais pelo Corinthians, então na Série B, na disputa por pênaltis.

Cotado para brigar por lugares medianos na tabela, o alvi-negro começou o campeonato brasileiro indo um pouco abaixo destas expectativas, caminhando um pouco acima da zona de rebaixamento. Até que o treinador Geninho foi demitido e, para seu lugar veio, sob muitos olhares de desconfiança, o ex-treinador do rival Flamengo, Ney Franco. E levou pouco tempo para Ney Franco mostrar que estavam errados os pessimistas. Com uma boa sequência de vitórias quando se aproximava a metade do campeonato, o time deslanchou na tabela, chegando a entrar na zona de classificação para a Libertadores. Além disso, o ótimo meia Carlos Alberto, emprestado pelo Werder Bremen-ALE, chegava e fazia boas partidas.

Porém o efeito não se mostrou duradouro, e o Botafogo passou a se apresentar como uma das equipes mais imprevisíveis da Série A, podendo alternar boas exibições com pífios desempenhos. Deste modo, foi descendo pela tabela até firmar posição na zona central desta, ou seja, sem correr qualquer risco de rebaixamento, porém sem também aspirar a uma vaga na Libertadores, terminando na sétima posição, com uma inesperada vitória sobre um Palmeiras que brigava (e conseguiu) uma vaga na mais importante competição continental, ajudando assim o rival Flamengo, o qual não soube aproveitar esta ajuda.

Mas é importante ressaltarmos o caos que marcou o fim de ano do clube, com os salários atrasados em mais de três meses, o que fez com que Carlos Alberto, baseado em dispositivos legais, abandonasse o clube.

Vale lembrar também do peculiar acontecimento na partida contra o Náutico, em Recife, pelo turno, onde o zagueiro André Luís se envolveu em uma grande confusão, inclusive com a PM pernambucana, chegando a ser preso.

Nesse meio tempo, houve a disputa da Copa Sulamericana, onde o Botafogo teve campanha discreta. Depois da fase inicial, bateu o fraquíssimo América de Cali-COL para ser derrotado nas quartas-de-final pelo mediano Estudiantes do craque argentino Verón. E mais um episódio pitoresco envolveu o clube da estrela solitária... O mesmo André Luís, protagonista do rebu em Recife, nos proporcionou mais um momento de loucura, quando, percebendo que iria levar o segundo cartão amarelo, e por consequência, o vermelho, arrancou das mãos do árbitro o cartão amarelo e aplicou-o a vossa senhoria.

Em suma, o ano alvi-negro, em termos de desempenhos, foi bem não-fede-nem-cheira, conseguindo campanhas já esperadas, não chegando a nenhum título, porém não proporcionando zebras homéricas. Mas, em termos de motivos para gozação... o episódio do chororô e as peripécias do excêntrico zagueiro André Luís garantiram boas risadas aos rivais por longos anos.


Pontos Positivos:

* O time se acertar com Ney Franco.
* Fim da era de Bebeto de Freitas que, embora não tenha trazido títulos importantes, promoveu uma reorganização do clube, longe do ideal, mas não beirando o caos.
* Consolidação do Engenhão como casa alvi-negra.
* Conquista da Taça Rio.

Pontos Negativos:
* Mais um ano sem qualquer título.
* Excesso de atraso de salários.
* Divisões de base abandonadas (leia-se o Centro de Marechal Hermes)
* Perda de importantes jogadores ao fim da temporada.
* Baixíssimos públicos no Engenhão.

Este foi o Botafogo em 2008. O próximo é o Fluminense. Até mais!

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Balanço 2008 - Futebol do RJ (parte I)

O balanço do futebol do RJ em 2008 será feito em cinco partes: Flamengo, Botafogo, Fluminense, Vasco e demais equipes.

Por enquanto, vamos com a parte I, falando sobre o rubro-negro:


Flamengo - O ano de 2008 tinha tudo para ser o grande ano do Mengão. Iniciava a temporada com a moral elevada pela boa campanha da Série A de 2007 (terminou em 3º), pelo título carioca de 2007, com elenco de qualidade bem acima da média brasileira, de bem com a torcida, mantendo um treinador que fez ótimo trabalho, com um sistema defensivo muito sólido e contratações que deram certo, sendo o melhor exemplo, Marcinho. E a tendência parecia se confirmar após a classificação na primeira fase da Copa Libertadores com a segunda melhor campanha do torneio e o bicampeonao estadual em cima do Botafogo.
Oitavas-de-final... vitória por 4 x 2 contra o América-MEX na terra dos astecas e... todos já sabem o que ocorreu uma semana depois deste grande resultado. Lembrando a saída de Joel Santana para assumir a seleção sul-africana e toda a festa que antecedeu este momento patético.

Desestabilização no elenco? Caio Júnior é o novo técnico... A vaca foi pro brejo de vez...???? Que nada! O Flamengo emplaca uma sequência vitoriosa muito forte na Série A 2008 e recupera a confiança da torcida, que volta a encher o Maracanã. Torcida esta que confecciona uma justa faixa com os dizeres "Brasileiro é Obrigação", lembrando os 16 anos de ausência desta conquista na Gávea.

Aí vem a janela de transferências para o exterior... o clube perde nomes importantes (Renato Augusto, Souza e o artilheiro Marcinho). Reforços demoram a chegar e não convencem... sete jogos sem vencer custam a liderança. Estava tudo perdido??? Não...

O time começa a se reencaixar, vence importantes jogos e se embola novamente com os outros líderes, formando o grupo dos 5 que lutariam pelo título até o final, juntamente com Cruzeiro, São Paulo, Grêmio e Palmeiras. Mas jogar no Maracanã, que era o grande trunfo rubro-negro em 2007, tornou-se um problema em 2008. Muitos jogos supostamente fáceis se tornam complicados. Exibições muito fracas se somavam e, quando a sorte sorria, vinham os três pontos. Quando não sorria... Goiás, Atlético-MG, Portuguesa, entre outros, aí estão pra mostrar o que aconteceu.

O sonho do título teve fim na antepenúltima rodada, após derrota para o Cruzeiro em MG. O resultado em si não é anormal, mas ridícula foi toda a gritaria contra o árbitro Simon, embora ele tenha errado em um lance capital do jogo, ao não marcar pênalti em Diego Tardelli nos minutos finais. Mas neeeeeem tudo estava perdido! Uma vaga na Libertadores ainda estava próxima e era primordial!

E mais um tropeço no Maracanã... depois de estar vencendo por 3 x 0 o Goiás, que mais nada tinha a fazer no campeonato, sofre o empate (e, por pouco, não sofre a virada), passando a depender de resultados negativos de seus concorrentes na última rodada, sendo que somente um de dois servia e... um acontece! o Palmeiras consegue perder para o Botafogo em casa, mas o Flamengo sai derrotado pelo Atlético-PR por 5 x 3 (ah, o Estado do Paraná...) e o rubro-negro termina na quinta posição, fora da Copa Libertadores 2009.


Pontos Positivos:
* A montagem de um elenco competitivo.
* A presença da torcida em todos os momentos.
* O surgimento do volante Aírton.
* A defesa, que se mostrou como uma das mais seguras do Brasil.
* Bi-campeonato estadual contra o Botafogo.
* Bom desempenho dos laterais.

Pontos Negativos:
* Excesso de partidas ruins e pontos perdidos no Maracanã.
* Eliminação pífia na Copa Libertadores.
* Episódio da bomba na Gávea.
* Demora de Caio Júnior para acertar a equipe.
* Perda de jogadores importantes no meio da temporada.
* Reforços não se acertando.
* Marcelinho Paraíba fora de posição.
* Excesso de volantes no meip-campo.
* Completa desorientação na ausência de Fábio Luciano.
* Demora na finalização do CT do Ninho do Urubu.

Sobre o Flamengo, é isso! O próximo é o Botafogo.
até!

sábado, 27 de dezembro de 2008

Estréia

O futebol sempre foi uma grande paixão. Escrever, outra. Então, por que não juntar as duas?

Na verdade, os dois ou três bolgs nos quais mexi até hoje ficaram quase que desertos de minhas próprias postagens, quanto mais de leitores e comentários... Claro que isso tudo tem como principal fator a falta de interesse mesmo, ou até mesmo do que escrever nestes blogs, o que compartilhar... sempre foram pessoais demais. Pra falar a verdade, sempre achei isso de blog pessoal algo meio sacal.

Então, daí a idéia! Com um razoável conhecimento de futebol, achei que era necessário criarmos visões mais amplas do famoso esporte bretão ao redor do mundo. É muito bom falarmos do campeonato italiano, por exemplo, como aqui será feito... mas por que não trazermos também histórias inusitadas, curiosidades, causos? Por que não também times e torneios de menores prestígios, e que rendam ótimas disputas, histórias e paixões acirradas e incompreensíveis a um primário olhar? E por que não a luta pela sobrevivência de quem está longe dos holofotes, da TV?

No Jogando na Retranca o Liverpool terá seu espaço, assim como o Tottenham, o Milan, o Flamengo, o River Plate, o Rampla Júnior, o Madureira, o Operário-MT, a Salernitana, o Chelsea, o ASEC Mimosas, o Maccabi Haifa, o Al-Ittihad, o Borussia Dormund, o Atlético de Madrid, o Lyon... as primeiras, segundas, terceiras divisões... o Kaká, o Rooney, o Berg Pedalada, o Rivaldo, o Túlio Maravilha, o Obina, o Cafézinho, o Postma, o Dadá Maravilha, o Gélson Baresi, o Madson, o Carlinhos Bala, o Beckenbauer, o Van Basten, o Edil Highlander...

Talvez seja pretensão demais querer abordar tanta coisa, mas a idéia é justamente não ficar preso a um assunto, e sim vagar com liberdade pelo mundo do futebol, buscando sempre com um texto agradável, crítico, informativo e bem-humorado, tratar desse monstro onipresente e tão fascinante que é o futebol.

Sinta-se em casa!